A linha reta me aperta
Não sei andar nos traços certos
Que fizeram pra eu caminhar

Meus pés buscam as curvas
As rugas das esquinas
Precisam do torto
Pra ficar em pé

Meu sonho é sinuoso
Relevo montanhoso
Exatamente torto
Que tracejei

Sobre teu colo repouso

E teu corpo vira meu leito

O bater do teu peito

É quem conduz meu sono

E no remar dos meus braços

Me afogo em seus lábios

Acordo em ti

E sonho

O tempo é o vento
Que passa e varre o momento
É chuva que cai em pingos de segundos
Encharca nossas vidas
Nossas veias
É emaranhado de teia
Fiado ao descer e subir do sol

Recortes avulsos

Não tente juntar muita coisa, pra vida nunca temos as malas prontas. Sempre ficarão coisas pra trás e sempre encontraremos outras pelo caminho. Chegar atrasado nos fará perder coisas boas, mas quem sabe encontrar melhores depois. E fará perder coisas únicas, momentos que não voltam, flores só de um dia...e seria melhor, e seria diferente se tivesse acontecido?Vai saber...apenas não foi. Todos os dias tem seu hoje, e hoje é um agora, que também passa, vai embora. Mas é a única coisa que da pra fazer.

Ficando parado ou correndo, o tempo sempre continua, a vida sempre segue. É bom parar e contemplar, mas não quero ficar muito sentado. O chão é duro e meu pé precisa de calos.

Bate uma nosltagia, um saldosismo...no passado era legal né?Que bom que foi,espero criar muita coisa boa pra lembrar (ja pensou ser um avô sem historias pro neto?que coisa triste...)

Acho que isso de contar o tempo é mera invenção humana, mas inevitável. Mas deixa isso pra depois, quem sabe amanha eu termino...

Não fique muito a salvo

O caminhar do passo

Se faz sentindo o chão

Boemia

A rua acolhe meus pés

E qualquer mesa vira distração

A convidar meus lábios

Cada esquina é belo contorno

Da noite que ganha corpo

E a mim se oferece

Em doses de um vinho

Tinto no escuro do céu

E se na volta pra casa

Eu atrapalho meus passos

Foi apenas a lua

A embriagar meus olhos